Agora é moda: quem vai viver uma grande aventura no filme da sessão inédita no canal da tv não é a personagem, mas o ator. A gente assiste à chamada do filme e ouve: "Bruce Willis encara o perigo na maior aventura de sua vida" ou "Julia Roberts vive o drama da separação". As chamadas das novelas seguem a mesma linha e, enquanto celebridades levantam bilhões de dólares para a mídia de massa, fazer o sujeito achar que não é a personagem, mas a própria atriz, quem seduz o galã no folhetim das 7 horas é um ótimo negócio. Vende milhões de revistas e jornais, produz milhões de clique$ nos portais, "dá IBOPE", gera receita.
Há muito tempo que a mídia adotou a si mesma como tema. Programas que veiculam a realidade dos próprios canais, os bastidores, a vida de suas "figuras humanas" estão na mídia faz muitos anos. Tudo misturadão, realidade e ficção, fatos e falácias. Atualmente, alguns veículos especializaram-se em editoriais boateiros. Vivemos a era
papparazzi e recentemente tivemos o
boom dos
reality shows, o estilo "BigBrother" de ver.
Na internet não é diferente a não ser pelo fato de o fenômeno ter dimensões maiores.
Tudo bem, são os nossos dias. Eu já banalizei muita coisa, estou no clube. Mas quando a
Caros Amigos linka para o curta
"Tapa na Pantera", velho conhecido, trazendo consigo o seguinte texto: "Tapa na Pantera Um dos vídeos mais acessados na web. O relato das aventuras alucinógenas de
Maria Alice Vergueiro. Assista", é sinal de que alguma coisa está fora da ordem. Nunca imaginei que o editorial da revista incluísse mal-entendidos ou confundir seu interlocutor (sim! há um diálogo!).
Quando assisti ao video, compreendi que se tratava de uma obra de ficção. Para espantar as dúvidas, cliquei no link e confirmei: "ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO" é a primeira inscrição que aparece na tela, assim mesmo, em maiúsculas.
Será que os editores de Caros Amigos pensam que é Maria Alice Vergueiro naquela tomada? Ela mesma, admitindo publicamente que fuma maconha há trinta anos, fumando
Cannabis num cachimbo portentoso, sintomática e dasavergonhada?
Fica a pergunta no ar.